Credit Suisse: Invista em low carb

Credit Suisse é uma respeitada instituição financeira internacional. Parte do seu trabalho é empregar os melhores analistas, que deverão fornecer a seus investidores relatórios detalhados sobre diversas áreas (economia, energia, educação, saúde) a fim de dar-lhes subsídios para, a partir dos prováveis cenários futuros, montar uma estratégia de investimento de longo prazo. Há MUITO dinheiro envolvido, e portanto esse pessoal não brinca em serviço.

Em 2013, o Credit Suisse publicou um estudo sobre o impacto do consumo excessivo de açúcar, que foi resumido no pequeno vídeo legendado, abaixo:

Para ver com legendas, clique em CC, acima

Na semana passada, o Credit Suisse publicou um extenso relatório sobre as mudanças na ciência da nutrição, denominado Gordura: O Novo Paradigma (um verdadeiro livro de 84 páginas, cuja íntegra pode ser lida gratuitamente aqui). É impressionante. É também algo que me deixou perplexo: como pode uma instituição financeira dar-se conta disso tudo ANTES da maioria dos profissionais de saúde? O que isso diz sobre o grau de dogmatismo das ciências da saúde quando o assunto é nutrição?

Para um texto maravilhosamente sarcástico e inteligente sobre esse assunto, leia esta postagem de Malcolm Kendrick.

Vários bons artigos foram publicados na imprensa internacional repercutindo este relatório.

Veja por exemplo aqui, aqui, aqui e aqui.

Este último artigo, da Bloomberg, foi traduzido por Regiany Floriano em seu blog Menos Rótulos, e eu reproduzo, abaixo:

SEM PÃO POR FAVOR, SÓ PASSE A MANTEIGA

No Bread, Please, Just Pass the Butter as Fat Demand to Soar

Por  Lydia Mulvany

Artigo publicado no Bloomberg em 17/9/2015.

Traduzido por Regiany Floriano. O original está aqui.

  

Os consumidores estão evitando cada vez mais o pão e trocando por manteiga e carne vermelha, enquanto que os carboidratos estão ficando em segundo plano, depois da gordura e da proteína. Esta troca em todo o mundo é sustentada por uma mudança no consenso médico que promete transformar a indústria de alimentos.

A demanda global de gordura vai subir 43 por cento até 2030, com um consumo per capita saltando quase um quarto, de acordo com um relatório divulgado quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Credit Suisse. A demanda considerada é de 23 por cento de aumento para a carne vermelha e 8,3 por cento de queda para os carboidratos.

Gorduras naturais não processadas são saudáveis e são essenciais para transformar nossa sociedade em uma que se concentra no desenvolvimento e manutenção de indivíduos saudáveis”, disse Stefano Natella, chefe global de pesquisa de ações do Credit Suisse e um dos autores do relatório. “Os consumidores estão em momento de mudanças, e isso tem implicações distintas para os investidores”.

A gordura tem estado no centro de um debate médico há pelo menos três décadas, com a recomendação tradicional dos EUA relacionando-a com a obesidade e doenças cardíacas. Mas a pesquisa mais recente tem jogado a dúvida sobre esta conexão e tem apoiado os consumidores a comprarem mais das coisas que antes eram consideradas prejudiciais.

Não é provável que o colesterol seja a causa de doença cardíaca e a ligação entre gordura saturada e risco cardiovascular nunca foi provada, de acordo com o relatório do Credit Suisse, cujos autores dizem ter avaliado mais de 400 trabalhos de pesquisa médica e livros de acadêmicos e especialistas do setor. Nos EUA agora, suspeita-se que os principais culpados pela obesidade são provavelmente os óleos vegetais e os carboidratos.

O consumo de gordura acabará responsável por 31 por cento  da ingestão de calorias até 2030, contra os 26 por cento dos dias de hoje, de acordo com o relatório.


A DEMANDA POR OVOS

As tendências, simbolizadas pelas dietas Paleo ricas em proteínas, também podem ser vistas no consumo mundial de manteiga, que está crescendo até 4 por cento a cada ano. As vendas de leite integral nos EUA aumentaram em 11 por cento, enquanto que as do leite desnatado tiveram um decréscimo de 14 por cento, como mostra o relatório.

Até mesmo os ovos, carregados de colesterol, estão na moda novamente – o consumo da variedade orgânica subiu até 21 por cento do ano passado. Em 2030 cada pessoa no mundo vai comer o equivalente a cinco ovos por semana, de acordo com o relatório.

Outros vencedores de consumo ao longo dos próximos 15 anos serão os laticínios, carne vermelha e peixe, enquanto os perdedores irão incluir o açúcar. As afirmações de que os alimentos mais saudáveis são os de origem natural será a chave para o sucesso a longo prazo, segundo o relatório.

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